Mais um livro clássico que me surpreendeu demais.
O romance escrito por Liev Tolstói fala sobre famílias, mais especificamente sobre uma família em decadência e a outra em construção. Mas o mais interessante da história toda é a forma como ele apresenta os personagens, como todos são o que realmente são, sem enfeites, são puramente humanos.
Isso é tão evidente na trama que eu, e muitos outros leitores, não consegui gostar de nenhum personagem em especial. Uma hora você ama um, depois passa a odiar o dito cujo, em outra hora tem dó daquele que odiou e amor ao que odiava. É uma maravilha!
Eu gostei bastante dessa leitura, não conseguia parar de ler. Você olha para o tamanho desse calhamaço, escrito por um autor consagrado como Tolstói, e acha que não será capaz de ler isso tudo, que deve ser muito difícil! Nada, bobo! É muito fácil de ler, é como assistir a uma novela das seis. Quando você se dá conta já chegou na próxima parte e não tem nenhuma vontade de fechar o livro.
Muitas pessoas não conseguem gostar da personagem que dá nome à obra. Na verdade, os leitores costumam ficar divididos entre aqueles que a odeiam e aqueles que se compadecem dela. Eu confesso que senti as duas coisas, mas no final senti mesmo foi dó. Hoje posso compreender o comportamento dela, mesmo não concordando com algumas atitudes, ela é uma mulher que sofreu muito, e não deu conta de suportar toda essa dor, como fez por exemplo Dolly. Ela também não tinha uma vida nada fácil, sofreu bastante, mas conseguiu lidar com tudo isso da melhor forma possível.
Quanto à Liévin, fiquei um pouco decepcionada com ele. Em uma parte da história eu gostava muito dele e odiava Anna, mas no final, passei a compreender Anna e me revoltei com Liévin. Achava que ele teria um final mais corajoso, mas toda crise existencial por qual passou não o levou a nada. Mas talvez quem esteja falando aqui seja meu preconceito religioso e não a leitora.
Em momentos de isolamento, ficar longe de pessoas que amamos e de amigos que nos distraem faz muita falta, não é a toa que Karenina não queria ficar sozinha na fazenda longe de Vronski e da sociedade russa, a solidão pode fazer mesmo as pessoas enlouquecerem, perderem o rumo. Foi isso que aconteceu com Anna ao ser expulsa do convívio social de seus pares, e como muita gente fez durante a quarentena, ela se dopou e se afundou na mais profunda tristeza e paranóia.
Em pleno 2022 estamos matando pessoas por preconceito e ignorância, destruindo o planeta que é nossa casa, e ainda somos muito machistas, pois ao lermos uma obra como essa continuamos julgando as mulheres desse livro da mesma forma que as pessoas que viveram naquele tempo fizeram.
Contudo, acredito que a arte ainda tenha a capacidade de salvar nossas pobres almas. A literatura me salvou durante pandemia e tenho esperança de que os livros consigam salvar a nossa sociedade em algum momento.
Portanto, leiam Anna Karenina!