Sucesso de vendas na Espanha e fenômeno literário, Cupim é um romance de terror feminista, duro, poético e visceral, carregado de rezas, maldições, anjos e santos. Layla Martínez cria uma narrativa poderosa em que a raiva e o rancor crescem como um cupinzeiro diante da injustiça social.

Todas as casas guardam a história daqueles que as habitaram. As paredes dessa construção perdida no meio do nada falam de vozes que surgem sob as camas, de santas que aparecem no teto da cozinha, de desaparecimentos que nunca se esclarecem. À luz do dia, os vizinhos evitam suas duas moradoras, mas todos as procuram pedindo ajuda quando se veem desamparados. A avó passa os dias conversando com as sombras que vivem atrás das paredes e dentro dos armários, enquanto a neta, que não residia mais ali, volta a viver na casa após um incidente com a família mais rica do povoado. Agora, desenredando a história do lugar, as duas começam a perceber que as sombras que vivem ali sempre estiveram ao seu lado.

"o mesmo arranhar de unhas ou de cupins"

Minha humilde opinião

Eu devorei esse livro tal qual um cupim devora um bom pedaço de madeira desculpa, tive que escrever. É uma leitura de terror que prende a atenção devido a toda a tensão presente na história. Parece que você está envolvido numa aura de mistério o tempo todo, como se estivesse dentro daquela casa mal-assombrada junto com as personagens.

Para mim, a história tem um pouco de "Casa Monstro" (a animação) misturado com "Torto Arado" e um espírito de vingança que lembra "O Conde de Monte Cristo," combinado com elementos de "Bacurau." A revolta que a obra gera no leitor me lembrou o filme "Que Horas Ela Volta?" e um pouco de "O Morro dos Ventos Uivantes."

A autora consegue abordar preconceitos, luta de classes, e feminismo, tudo dentro de uma história de horror. Apesar de todos os fantasmas e sombras tenebrosas, o que mais assusta é a natureza e o comportamento humano.

"no dia em que os pobres começassem a cobrar dívidas muitos não iriam ter chiqueiro onde se esconder."

Ninguém está certo nessa história, mas o que se passa com as personagens principais é tão cruel que você acaba torcendo por elas e apoiando seus desejos de vingança, mesmo que sejam tão macabros quanto as paredes da casa que habitam.

"Ele sempre foi fiel aos seus ódios."

Pelo menos essa foi a minha leitura. Eu as compreendi e, se estivesse lá com elas, teria feito o mesmo ou até algo pior, tamanha a revolta que a narrativa suscitou em mim.

Este é um livro que eu vou sempre recomendar. Sabe aquela sugestão de leitura que você faz para todos os seus amigos? Esta será uma das minhas. Podem ler que vocês não irão se arrepender. Puta novela!!!

"Não trazia dentro de si o cupim que minha mãe e eu trazíamos, aquela comichão de desgraçadas que nem dá descanso nem deixa que você o dê aos outros."

QUOTES

"Essa blusa e essa calça eram as mesmas que eu usava para as entrevistas de emprego porque com elas também queria transmitir que era inocente e boa e que portanto estava mais do que disposta a ser explorada de forma selvagem."

"Também odiava os patrões, embora de outra maneira. Não porque recordassem o que ele era, mas porque o levavam a pensar no que nunca seria."

"Meu pai sabia que o dinheiro gosta da ordem, prefere os sorrisos servis aos olhares desafiadores."

"Aqui pra lhe darem algo você já precisa ter desde antes e depois eles lhe tiram. Se você não tem nada é isso que lhe dão, nada."

"era medroso demais ou honrado demais, as duas piores coisas que um pobre pode ser."

"detestam todos nós do mesmo jeito sentem por nós a mesma repulsa e essa repulsa nos penetra e nos envenena e a carregamos tão fundo que no final pensamos que é nossa mas não"

"porque essas pessoas importantes veem aquelas unhas bem tratadas e aquela roupa cara e reconhecem um dos seus"