Ioga - Emmanuel Carrère

 



Sinopse

"Este é um livro sobre ioga e meditação, mas também sobre depressão e terrorismo. Um autorretrato desconcertante, bem-humorado e honesto de um homem que luta para viver em harmonia com o mundo e consigo mesmo. Neste entrecruzamento entre o romance e a autobiografia, Carrère não explora apenas os limites da literatura, mas também os da alma humana: a sua e a dos outros."

Minha humilde opinião

No livro, o autor aborda um período específico de sua vida. Inicialmente, a intenção era escrever sobre ioga e meditação, mas a narrativa acaba tomando um rumo diferente, transformando-se em um relato pessoal dos acontecimentos e de como eles se relacionam com suas práticas meditativas.

Acredito que a obra não segue uma estrutura linear. Embora tenha começado com uma proposta clara, ela se desdobra em uma espécie de diário íntimo de Carrère. A saúde mental é um tema constante, permeando a forma como ele lida com seu diagnóstico, com o amor, os relacionamentos e tudo o que se segue. O livro se torna, assim, uma profunda autorreflexão e um retrato sincero do autor.

É fascinante acompanhar esse processo de autodescoberta, embora alguns aspectos da narrativa não tenham despertado tanto meu interesse ou curiosidade. A sensação que tive foi a de uma narrativa lenta, ainda que fluida, como se estivéssemos acompanhando os pensamentos do autor em tempo real. Os capítulos curtos contribuem para a dinâmica da leitura, mas a falta de linearidade pode causar certa estranheza, como foi o caso para mim.

No início, o livro me prendeu de imediato. Fiquei bastante interessada em conhecer sua experiência durante o retiro de meditação e me identifiquei profundamente com sua ansiedade e sua visão de vida. Uma passagem, em especial, me marcou profundamente, como se definisse quem eu sou.

"No que me diz respeito, fui bastante poupado da infelicidade ordinária: nenhum grande luto por enquanto, nenhum problema de saúde nem de dinheiro, filhos bem encaminhados, e tenho o raro privilégio de trabalhar com algo que adoro. Já quanto à infelicidade neurótica, por outro lado, sou imbatível. Sem querer me vangloriar, sou excepcionalmente dotado da capacidade de transformar em verdadeiro inferno uma vida que teria tudo para ser feliz, e não permitirei que ninguém trate esse inferno como alguma coisa boba: ele é real, terrivelmente real."

No entanto, um evento inesperado transforma completamente o rumo da história. O que parecia ser um momento de aprendizado e possível tranquilidade se converte em uma catástrofe, e as coisas começam a desmoronar progressivamente. Essa mudança radical fez com que o título do livro perdesse o sentido para mim, pelo menos na minha percepção.

Antes mesmo de chegar à metade da obra, o nível de sofrimento atinge uma intensidade que eu não esperava. Senti-me um tanto enganada: busquei um livro que trouxesse esperança, mas me deparei com temas como morte, internação, dor extrema e histórias tristes. Talvez, em outro momento, eu pudesse apreciar essa leitura, mas, atualmente, já lido com tristeza suficiente na vida real. Escolhi o livro em busca de alívio e fui surpreendida por mais desventuras.

Apesar disso, reconheço que o livro pode agradar a leitores que apreciam relatos densos e introspectivos. Emmanuel Carrère é, sem dúvida, um escritor talentoso. Mesmo não tendo me conectado completamente com a história, sua escrita é de alta qualidade, envolvente e cativante. Ele demonstra grande competência narrativa, e eu o recomendaria a qualquer pessoa que valorize uma profunda reflexão humana, mesmo que envolva temas difíceis.

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