Esse é um best seller da Ph.D. em Serviço Social Brené Brown, que fala sobre como superar a vergonha e ter uma vida plena, sendo quem você realmente é. O que, por mais incrível que pareça, demanda uma grande dose de coragem.
Durante vários anos ela fez uma série de entrevistas para descobrir qual era o segredo das pessoas que tinham uma vida autêntica, que eram realmente felizes e realizados. É possível perceber durante a leitura que a autora estava procurando uma resposta pra si mesma. Brené, a quem eu cismo em chamar de René, conta sobre sua vida e como se tornou pesquisadora, como a pesquisa a ajudou a ser uma pessoa que aceita e sabe lidar com sua vulnerabilidade.
Por que eu li esse livro?
Taí uma boa pergunta, que pensando bem agora eu nem sei responder. Como eu já disse esse livro foi recorde de vendas então eu provavelmente fui influenciada por alguém pra decidir fazer essa leitura. Mas a realidade é que o que fez eu me interessar por essa obra foi o mesmo motivo que sempre me levou a ler, comprar ou emprestar qualquer exemplar de auto ajuda: uma resposta simples para os meus problemas complicados.
Esse nem é considerado um livro desse gênero porque quem escreveu foi uma cientista e não um charlatão qualquer, mas (dando aquela piscadinha marota) não deixa de ser um auto ajuda disfarçado de pesquisa científica. A própria autora fez uma "terapia" disfarçada de estudo!
Pois bem, eu me conheço um pouquinho e sei que sou uma pessoa perfeccionista que foi muito elogiada na infância e na vida adulta não se arrisca de forma alguma a colocar toda essa perfeição em risco. Portanto, claramente eu precisava ler essa obra pra saber como faço para me livrar dessa trava e ser completamente feliz e plena!
Devorei o livro com aquela ansiedade de encontrar naquelas linhas a resposta que iria solucionar toda uma vida de miséria que nem a terapia de anos deu conta de tratar. Sublinhava palavras e frases, marcava passagens relevantes, tentava encaixar a minha vida naquele contexto ali apresentado, e conforme eu ia virando as páginas com a pressa de quem está prestes a desenterrar um tesouro, o livro terminou.
Acabou! E eu não sei até hoje o que tenho que fazer para aceitar a minha vulnerabilidade além de aceitar a vulnerabilidade. Sim, é isso que ela fala em A Coragem de Ser Imperfeito: aceite a vulnerabilidade e você será feliz! Caraca! Isso aí estava escrito na capa eu nem precisava comprar o livro!
E sabe o que é pior? A mulher ainda tem mais umas vinte obras que eu aposto que dizem sempre a mesma coisa! Você fica naquela expectativa, quase babando pra saber qual é afinal a formula da alegria eterna e de uma vida de realização e nada. A autora te entrega o que já estava escrito na capa!
Mas é bem feito pra mim que fico me iludindo com livros de auto ajuda, eu sei que nunca funcionam, mas mesmo assim fico procurando a salvação na literatura. (e nunca li a bíblia, vejam só)
Shame on me
Tudo bem, vou parar de ser tão ranzinza. A obra não é de todo ruim, mas não vai solucionar todos os seus problemas (frustrada eu), ela dá umas dicas de onde vem a vergonha, como isso se dá com homens e mulheres, o que você pode fazer para lidar com momentos constrangedores...
O que mais gostei foi do conselho que Brené deixa no final sobre como educar as crianças para que elas aceitem a vulnerabilidade, não tenham medo de errar e se arrisquem a serem felizes. Pensei que se eu já não tenho salvação mesmo após anos de estudos científicos, talvez ainda possa educar minha filha para ser uma pessoa plena e verdadeira.
Só que o primeiro passo pra isso é que você consiga dar o exemplo para seu pequeno humano, o que demanda uma mudança dos pais, ou seja, aceite a sua vulnerabilidade para que seus filhos sejam pessoas melhores. Aí não tem jeito, você tem que catar seus pedacinhos do chão e tentar montar esse ser realizado e autêntico que você quer ser.
Acredito que a coragem de ser vulnerável vem muito do tipo de criação que tivemos quando criança, (sou a favor de uma lei que obrigue os pais a pagar a terapia dos filhos de pois de acabar com o psicológico deles) mas também tem a parte da genética, tem pessoas que simplesmente nascem assim, com o potencial de se expor, de não ligar para o que os outros vão pensar, mas quando você não nasce com esse dom e ainda tem pais que te criticam ou te elogiam demais (quando não as duas coisas) o negócio é pegar o cartão do banco e partir pra terapia mesmo.
Então é isso: se arrisque! Não tenha medo de errar ou de parecer ridículo! As pessoas que realmente importam pra você vão continuar te amando independente de como você se saia na vida. No fundo, o maior medo do ser humano é não ser amado, não ser aceito. Somos essencialmente sociais, e por vezes podemos entender que um erro é capaz de afastar todos de nosso convívio, mas não é bem assim. Todos erram e é assim que aprendemos.
Com esse livro eu aprendi algumas coisas: que é preciso fazer, tentar, não importando no que isso pode dar. Que aceitar a vulnerabilidade é se expor ao erro, sem medo ou com medo mesmo. Viver não tem garantias. E por fim, aprendi a não esperar a felicidade em forma de palavras em um livro de auto ajuda, porque a resposta vai estar sempre em você e não na pesquisa de um cientista tão aflito quanto qualquer outro ser humano.
Algumas reflexões finais
É muito mais difícil fazer do que falar. É fácil ler um um texto, uma pesquisa e entender o que é preciso ser feito para ter uma vida mais feliz, só que colocar em prática esse aprendizado não é tão simples.
Acredito que minha frustração não seja com a autora mas comigo mesma, eu esperava que a pesquisadora saísse de dentro do livro e me puxasse pela mão para levar pelo caminho dourado em direção ao bem estar eterno, e não que eu tivesse que enfrentar todos os meus medos e tudo que venho evitando até agora e simplesmente ser vulnerável. Chupa essa manga!!!
As descobertas da autora me lembraram bastante a obra do psicanalista britânico, Donald Winnicott. Ele diz que uma pessoa saudável é aquela que vê sentido na existência, que vive uma vida autêntica. Eu concordo bastante com ele e por consequência com a Brené Brown, a coragem de ser imperfeito está na ousadia de ser você mesmo, se arriscando e errando, sabendo que seja o que você fizer será "suficientemente bom".
Bom, eu acho que vou tentar. Afinal, é disso que se trata: tentar sempre!
Trilha sonora: Velocidade da luz - Grupo revelação
"Todo mundo erra sempre, todo mundo vai errar..." ficou repetindo em looping na minha cabeça tanto enquanto lia o livro quanto enquanto escrevia o post. O pior é que eu nem sei cantar essa música e ficava repetindo a mesma frase infinitamente... E ainda estou!
10 Comentarios
Oi.
ResponderExcluirEu gostei da resenha :) nao conhecia o livro a historia é bem interessante
Olá, tudo bem? Já me indicaram muito esse livro, mas ainda não tive oportunidade de ler. Ele parece ser cheio de lições e boas reflexões para levar para a vida. Dica super anotada! E ótima resenha!
ResponderExcluirBeijos
O livro traz um tema muito interessante. Não é preciso ser perfeito para ser feliz , com certeza é preciso aceitação. Já quero ler .
ResponderExcluirO livro traz um tema muito interessante. Não é preciso ser perfeito para ser feliz , com certeza é preciso aceitação. Já quero ler .
ResponderExcluiramei sua resenha
ResponderExcluirficou completa e rica em detalhes
deu ate vontade de ler =D
Eu adorei a sua resenha. Nao conhecia esse livro
ResponderExcluirQue dica ótima de leitura de livro. E sim, é muito mais fácil far do que colocar em prática. Mas aos poucos vamos conseguindo.
ResponderExcluirPreciso ler esse livro! Essa frase "A Coragem de Ser Imperfeito: aceite a vulnerabilidade e você será feliz!" me impactou.
ResponderExcluirOie! Sou fã do trabalho da Brené! Fui ler o livro com curiosidade. Talvez por isso não tivemos a mesma impressão. Já viu o doc da netflix? Acho bem legal também. bjão
ResponderExcluirJá vi, sim. Apesar de reclamar eu gosto bastante dela!
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