Meu ano de descanso e relaxamento - Ottessa Moshfegh

 O sonho de todo trabalhador cansado é poder dormir pelo tanto de tempo que ele achar necessário sem ninguém pra perturbar ou problemas pra resolver. 

Basicamente

Uma mulher que decide realizar o sonho de todo deprimido e dormir o tempo inteiro. Pra isso consegue uma médica sem grandes laços com a ética que prescreve medicamentos para que ela possa descansar durante um ano. 

Dá pra parar de ler?

Olha, é bem possível ler de uma sentada esse livro. Mas assim como a personagem eu sou uma pessoa bem cansada e com baixos níveis de dopamina no cérebro. Portanto, eu fui lendo bem vagarosamente, como é de meu costume. Não achei a obra empolgante, nem tinha como ser, testemunhar alguém querendo dormir por um ano não é nada empolgante. Mas até que a autora conseguiu colocar uns finais de capítulo instigantes, que davam vontade de continuar a leitura. Mas no meio do capítulo já me dava uma canseira e eu parava de ler. Acho que o cansaço da personagem passava um pouco pra mim. 

Mas que surpresa!

Apesar de achar a ideia do livro muito boa, alguém que resolve dormir durante um ano, ele não me surpreendeu em momento algum porque eu nem sabia o que esperar de uma história como essa. Porém, nem de longe trata-se de uma obra previsível ou enfadonha, pelo contrário, a trajetória da personagem pode ser tudo, menos óbvia! 

Genial!!!

Não achei genial, é uma história criativa, mas também não é aquela coisa magnífica, super original... Gostei bastante do livro, mas não está no meu top livros escritos por gênios. 

Eu nunca choro...

 E não foi dessa vez.

Quero ler outros livros do autor?

Eu quero ler outros livros da Otessa Moshfegh, sim. Principalmente se for com a mesma temática. Gostei também do jeito que ela escreve. A leitura foi agradável e eu leria outra obra dela, mas não agora. 

Conclusão (tem spoiler)

Em geral eu gostei do livro. É uma obra que eu recomendaria muito, principalmente pra quem se identifica e sabe bem o que é essa vontade de escapar dos problemas em um sono restaurador, sem morrer.  

Em determinado momento da história, a personagem relata que sua intenção é dormir para se recuperar. Ela acredita que se dormir durante um tempo suficiente acordará renovada, melhor. Eu sei bem do que ela está falando, porque também tenho essa sensação, de que se pudesse descansar por algum tempo, eu conseguiria voltar ao mundo real com muito mais determinação e vontade de viver. 

Eu fiquei o tempo inteiro esperando algo trágico acontecer. Afinal, como alguém pode tomar tantos remédios e não ter uma overdose? Mas tal qual A Redoma de vidro, quem acaba se dando mal é a amiga da personagem principal. Precisamos conversar sobre essa coisa da coadjuvante da personagem transtornada se dar mal no final enquanto a outra se safa. Outra coisa que me fez lembrar do livro da Sylvia Plath foi o egoísmo e a falta de interesse pelos outros que as duas personagens apresentam, acredito que estejam tão fechadas nelas mesmas que até quem quer ajudar acaba sendo um inconveniente que elas fazem questão de maltratar. Sei lá. 

Tive a impressão de que o infermiterol, o remédio fictício que a psiquiatra deu pra ela e que no final foi meio o que funcionou, é o equivalente à uma substância psicodélica. Pois ela relata ter se perdido de si, e é bem assim que os efeitos dos psicodélicos funcionam. Mas isso também pode ser porque eu sou a pirada dos psicodélicos e acho que eles são a solução pra tudo.  Mas, também podemos interpretar o final como uma espécie de sublimação por meio da arte, mesmo a personagem não achando que aquilo era verdadeiramente artístico. 

Não sei bem o que tirei dessa leitura, acho que preciso digerir melhor a história antes de chegar a alguma conclusão. Só sei que gostei, me identifiquei, mas talvez tenha sido difícil e confuso estar dentro de outra cabeça atormentada que não é a minha, com a qual já estou acostumada. O livro me cansou um pouco, acho que preciso de um ano de relaxamento também. (Quem me dera, mas não sou tão doida)