A Redoma de Vidro - Sylvia Plath

 Eu achei que seria uma obra de difícil leitura, mas foi muito mais fácil do que imaginei. Parece que esse livro foi escrito por uma millennial.

Basicamente

Uma jovem muito parecida com as millennials que conhecemos (ou somos), com um futuro promissor pela frente mas perturbada pela doença mental, não sei se existia rivotril naquela época, mas provavelmente se existisse ela carregaria um na bolsa como muitas de nós. 

Dá pra parar de ler?

Não consegui parar de ler. Um capítulo puxava o outro. Eu estava tão imersa na história que não sentia o tempo passar. A escrita da autora é fácil de entender, envolvente e deliciosa. Talvez pessoas normais e felizes achem a leitura muito pesada, um livro extremamente triste. Mas para quem já viveu ou vive essa condição, é só um livro. 

Mas que surpresa!

A maior surpresa pra mim foi o fato do livro ser muito legal. Confesso que achei que a leitura seria chata e difícil, principalmente por Sylvia Plath ser uma poeta. Preconceito meu, ridículo! Mas parecia que eu estava lendo um livro da Sally Rooney, amei a sinceridade da personagem e me identifiquei com todo seu sofrimento. 

Genial!!!

A forma como a autora explica a depressão, comparando com uma redoma de vidro que a impossibilita de viver a vida com a leveza que uma existência feliz permitiria, fez todo sentido pra mim. Abordar esse assunto de um jeito tão poético como ela fez demonstra o quanto Sylvia Plath é genial. 

Eu nunca choro...

Não chorei, não. Ainda não foi dessa vez. Mas sigo procurando por um autor ou autora que derrame lágrimas desses olhos insensíveis. 

Quero ler outros livros do autor?

Não tenho certeza se quero ler as outras obras, mas fiquei bem curiosa para ler os diários. Quem sabe em um futuro próximo... 

Conclusão (Tem spoiler)

Tinha medo dessa leitura por dois motivos: primeiro, porque achava que seria chato, de difícil compreensão. Segundo, estava com medo de me dar gatilhos e eu mesma manifestar uma depressão maior do que a que já me acompanha ao longo da vida. Mas nada disso aconteceu. Apesar de ser um livro carregado de sofrimento a escrita da autora faz com que você consiga levar a coisa com mais distanciamento, ela mesma consegue isso ao ser extremamente sarcástica em algumas passagens. 

Achei interessante o fato de que a personagem consegue melhorar. O "tratamento de choque"*** que ela recebe tem realmente evidências de que funciona se aplicado da forma correta. E a autora coloca isso no livro em uma época em que muitos médicos não tinham consciência disso, ou faziam do jeito errado ou desacreditavam por completo. 

Muitas pessoas não gostam da personagem principal, e eu entendo, afinal trata-se de uma pessoa em profunda depressão. Mas eu amei a Esther. Apaixonei-me por seu jeito meio Dária, pelo seu mau humor e descaso, por sua inteligência e sua força. Com certeza ela tem muito da própria Sylvia Plath, mas se a autora não conseguiu superar sua doença na vida real, pelo menos na ficção ela deixa para o leitor escolher se o final será feliz ou não. 

Não sei vocês, mas eu escolhi o final onde ela consegue voltar a ter uma vida normal. Porque não custa nada sonhar, é pra isso que compro e leio livros, pra fugir da minha triste realidade (ou pelo menos conseguir lidar melhor com ela).

*** A eletroconvulsoterapia é usada de forma eficaz no tratamento de transtorno de depressão maior e outras doenças mentais graves, não tem nada a ver com os tratamentos de choque de antigamente.