Basicamente
Um livro que trata da imaginação e da escrita. A autora fala sobre a arte de escrever enquanto vai nos contando sobre a vida de diversos escritores e nos enganando de um jeito sensacional.
Sinopse para pessoas normais
Em A louca da casa, Rosa Montero propõe aos leitores um jogo narrativo cheio de surpresas. Nele se misturam literatura e vida, num coquetel estimulante de biografias e autobiografia romanceada. E assim descobrimos que o grande Goethe adulava os poderosos até chegar ao ridículo, que Tolstói era um energúmeno, que Rosa, quando criança, via-se como uma anã e que, aos 23 anos, manteve um extravagante e hilário romance com um ator famoso.
Minha humilde opinião
Alguns livros me fazem arrepender de pegá-los na biblioteca, e "A Louca da Casa" é um desses casos. Isso acontece porque, nos livros emprestados, não posso rabiscar, anotar ou marcar tudo o que gosto, pois o livro não me pertence. E Rosa Montero escreve de uma forma que dá vontade de sublinhar cada palavra, pois tudo é muito lindo e interessante. Essa é uma obra que eu queria ter para mim e poder conversar com ela como e quando eu quisesse.
A impressão que tenho sobre a escrita de Rosa Montero é que ela coloca toda a dedicação e carinho em cada palavra, tornando a leitura deliciosa. Uma das coisas que mais gostei no livro foi quando ela fala sobre a necessidade de aceitação dos escritores. Para ela, os escritores precisam ser lidos para não enlouquecerem. Os leitores, ao dizerem aos escritores que os aceitam como são e que entendem sua loucura, cuidam deles para que não se percam em seus devaneios. São tantos devaneios que eles precisam dividir com alguém; caso contrário, se afogam em pensamentos e ideias.
Ela também fala sobre a importância de seguir o seu daimon, seu instinto de escritor. Não se deve escrever para agradar aos outros, mas sim para si mesmo, escrevendo o que se sente que precisa ser escrito, e talvez ter a sorte de encontrar alguém que queira ler.
Achei que a estrutura do livro é muito parecida com "O Perigo de Estar Lúcida", que foi escrito depois, mas que li antes deste. Parece uma continuação. Em "A Louca da Casa", ela fala sobre a escrita e nos presenteia com biografias de escritores para ilustrar seus argumentos. O mesmo ocorre em "O Perigo de Estar Lúcida", mas desta vez o assunto é a saúde mental dos artistas. Tudo sempre com uma pitada de imaginação de Montero, que tempera bem a leitura e nos faz saborear sua escrita.
Existe um momento na leitura em que a autora nos dá um susto, ou pelo menos nos deixa confusos. Quem já leu o livro sabe do que estou falando. Acredito que não exista quem leia essa obra sem parar um instante para checar se está na parte certa do livro. É a autora brincando e ensinando o leitor.
Rosa termina por admitir que não está escrevendo um livro apenas sobre a escrita e a imaginação, está falando também sobre a loucura, que está estampada no título da obra. A loucura é a paixão, o que está comprovado pela ciência, já que excesso de dopamina é a principal característica tanto da loucura como da paixão e dos sonhos.
Tudo é ficção pois não podemos confiar inteiramente na nossa percepção ou memórias, portanto estamos sempre inventando histórias, para nós mesmos e para os outros.
No final da leitura a sensação que tive foi que Rosa tentou fazer o leitor sentir um pouco do que é essa loucura, a confusão, a incerteza e a entrega à narrativa. Da minha parte, posso dizer que ela conseguiu.