"Salem" de Stephen King é um livro envolvente que mergulha o leitor em uma cidade cujos habitantes desaparecem misteriosamente. A trama começa com a introdução de dois personagens enigmáticos, seguido por um salto no tempo que nos leva de volta aos eventos que precederam o desaparecimento dos moradores.
A narrativa, apesar de linear após esse ponto inicial, mantém um clima de suspense constante. As coisas se desenrolam aos poucos, sem grandes reviravoltas ou surpresas, o que pode deixar o final previsível. Desde o início, sabemos o destino dos personagens principais, o que diminui o impacto das revelações finais, na minha opinião.
King apresenta muitos personagens ao longo da história, o que pode ser meio cansativo para os leitores, mas é necessário para nos familiarizarmos com a cidade de Salem, que acaba se tornando um personagem por si só. Entre os protagonistas estão Ben, que retorna à cidade para enfrentar seus traumas escrevendo um livro sobre o lugar; Susan, que lida com conflitos familiares enquanto tenta se libertar da casa dos pais; Matt, um professor que auxilia com seu conhecimento; e Mark, um menino que também desempenha um papel crucial. Embora o desenvolvimento de cada personagem não seja profundo, temos uma noção de suas motivações e conflitos.
Os personagens secundários, como o padre e o professor Matt, acrescentam à trama com seus conhecimentos e ajudam a guiar os protagonistas. No entanto, nenhum personagem se destacou de maneira memorável pra mim, e a falta de transformação significativa ao longo da história, além do trauma decorrente dos eventos, ficou evidente.
A mensagem subjacente do livro parece ser a ideia de que o mal reside dentro de todas as pessoas, atraindo coisas piores. Os moradores frequentemente mencionam que a cidade já estava condenada devido ao caráter de seus habitantes. Ainda assim, parece que King não tinha a intenção de passar uma mensagem profunda, mas sim de contar uma história de terror eficaz – e nisso ele é bem-sucedido.
Acredito que a mudança do título de “A hora do vampiro” para "Salem" foi apropriado, pois antes muito era revelado sobre a história logo no nome da obra, prejudicando o mistério, já o título atual se refere à cidade de Jerusalem's Lot, que é onde a história se passa.
O estilo de escrita do autor, ainda no início de sua carreira, é um pouco arrastado. Ele introduz muitos personagens e detalhes que nem sempre são relevantes para a trama principal, o que pode tornar a leitura lenta. No entanto, a genialidade que King desenvolveria mais tarde em sua trajetória já está presente, com uma escrita cheia de suspense e bem construída, apesar do ritmo lento.
A descrição dos cenários é detalhada e imersiva, essencial para criar o clima de mistério e terror, especialmente em relação à Casa Marsten. Para uma leitora que não costuma ler livros de suspense, "Salem" conseguiu prender a atenção, surpreendendo pela capacidade de King de construir um mistério intrigante.
Em geral, foi uma boa experiência de leitura, gostei muito da manutenção do suspense e do clima de mistério. Recomendo esta leitura especialmente para fãs de histórias de vampiros e aqueles que apreciam um ritmo mais lento e gostam de se sentir imersos na história.